Espetáculo na telinha

Conversamos com os apresentadores de alguns dos programas sensacionalistas mais badalados da televisão para descobrir o que eles acham do tipo de Jornalismo que fazem e levam para milhares de telespectadores, todos os dias … O resultado deste trabalho você confere a seguir, com exclusividade, como resultado de atividade proposta na disciplina Produção de Jornal Impresso II

Ana Flávia Magalhães

Ana Paula Barreira

Frede Marinho Silveira

(5o período de Jornalismo)

Maria de Fátima se viu impressionada com o que acompanhou na TV de casa durante uma entrevista em que o apresentador gritava com o entrevistado sobre assaltos no bairro que ela mora. Na entrevista, ao vivo, o apresentador parecia não permitir que o seu convidado falasse muito sobre o assunto: toda vez que ele era indagado sobre o tema segurança nos bairros, o âncora logo vinha com mais questionamentos e a entrevista parecia mais uma discussão que propriamente uma entrevista jornalística.

O que a dona de casa Maria de Fátima viu na TV nada mais é que uma realidade nos dias de hoje em quase todos os meios de comunicação do País: o chamado espetáculo midiático parece compor os atributos de um bom jornalista que queira ser ‘reconhecido’ ou ‘respeitado’ na profissão.

Diante desse modo de trabalho, ficam algumas perguntas sobre como conviver com esse jeito de fazer a notícia sem se transformar em um palhaço ou até mesmo em um louco da informação … E qual é a influência desse espetáculo da mídia na vida das pessoas?

 

Em Goiânia existem vários profissionais que têm como cartão de visita esse jeito de fazer jornalismo.

Na Record TV Goiás, por exemplo, o apresentador do Balanço Geral, Oloares Ferreira, é conhecido justamente por defender o sensacionalismo no seu jeito de apresentar. Com mais de 14 anos de casa, ele já criou o que chamamos de identidade de vídeo, que é quando um apresentador é conhecido exatamente pelo seu jeito de apresentar.

Linha dura e voz alterada no estúdio, Oloares sempre leva para outro lado seus questionamentos e sempre parece estar bravo com qualquer assunto. É apenas um dos muitos que, hoje, não somente ganham dinheiro, mas, também, fama e ‘respeito’ com essa maneira de apresentar.

Para o apresentador da Record, o sensacionalismo nada mais é que aquilo que causa sensação em alguém. Em entrevista à repórter Ana Flávia Magalhães, Oloares Ferreira disse não acreditar que esse ‘espetáculo midiático’, tão presente nos veículos de comunicação hoje em dia, seja algo ruim.

O que você acha desse jornalismo considerado sensacionalista?

Olores Ferreira: “Acho que causar sensação nas pessoas é algo natural e normal, por isso acho que não tem nada de ruim em fazer um estilo sensacionalista”.

Você acredita que esse tipo de jornalismo influencia a população de alguma forma?

Oloares Ferreira: “Acho que sim, mas esse é o nosso papel como jornalistas, criar uma discussão e levar isso para um espaço bem maior de discussão.

Você acha que o jornalista que segue essa linha sensacionalista se torna um personagem?

Oloares Ferreira: “Sim, todos nós somos e sempre seremos personagens, não somente na TV, mas na vida real”.

 

 

Outra ‘personagem’ que podemos citar também, aqui, como sendo sensacionalista – embora não assuma -, é Luciana Braz, do canal 11, do Programa Chumbo Grosso, veiculado pela TV Goiânia/Band. Conhecida como Pantera, Luciana apresenta um programa policial onde o espetáculo midiático está mais presente que em outros segmentos jornalísticos.

Em entrevista, Luciana “Pantera” disse ser contra o sensacionalismo na mídia. “Eu, na verdade, sou contra esse estilo de trabalho. Embora muitos acreditem que eu faça esse tipo de jornalismo, acho que não é por aí que se consegue respeito na profissão”, declara.

Você acredita que, hoje em dia, o jornalismo feito dessa forma que tanto vemos por aí, influencia o comportamento da população?

Luciana Braz: “Não. Acho que, na verdade, cada um escolhe o que quer consumir, e, por isso, essa influência depende de como e o que a pessoa vai receber desse conteúdo”.

A Luciana “Pantera” é uma personagem criada por você?

Luciana Braz: “Sim. O nome ‘Pantera’ me foi dado por causa da cor dos meus olhos e levo esse nome junto com o meu estilo de fazer jornalismo; adoro esse nome”.

 

 

Marcos Maracanã, apresentador do Programa Fala Goiás, também da TV Goiânia/Band, é mais um apresentador a adotar o jeito sensacionalista de fazer jornalismo …

Você acredita que esse sensacionalismo na mídia é algo novo?

Maracanã: “Na verdade, esse jornalismo sensacionalista não é de hoje. Há um processo meio que preconceituoso de alguns intelectuais de plantão de determinar que o jornalismo popular, que traduz verdadeiramente a realidade,  chame os mesmos de sensacionalista. Eu questiono: o que é sensacionalismo na cabeça dessas pessoas? É não mostrar verdadeiramente a realidade sobre tudo que estamos vivemos agora na política? Seria omissão por parte da mídia não escrachar verdadeiramente os fatos! Quando você escracha o fato e tem a oportunidade de fazer comentários a respeito desses fatos, alguns acham que isso é sensacionalismo. O povo brasileiro, assim como o ser humano de um modo geral, ele tem o hábito e gosta de ver coisas impactantes.

 

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