Redação: Giovana Batista
Edição: Ana Maria Morais
Ao longo das últimas décadas, a alimentação escolar se fortaleceu como uma importante política de proteção social, de promoção da educação, da saúde, da equidade de gênero, de segurança alimentar e nutricional e de desenvolvimento local em vários países do mundo.
Segundo levantamento realizado pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), em parceria com a Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), 49% das crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas brasileiras não receberam alimentação da escola durante o período de fechamento das instituições devido à pandemia da Covid-19. A pesquisa também aponta que, desde o início da pandemia, em 13% desse lares, os pequenos e os jovens deixaram de comer porque não havia dinheiro para comprar comida. No Nordeste, este número chega a 16% das crianças e adolescentes matriculados na rede pública. A região é a segunda mais crítica no indicador, atrás apenas da região Norte, onde 20% deixaram de comer por falta de dinheiro. Os mais afetados pertencem às classes D e E, são pretos ou pardos e não estão empregados.
A relevância dos programas de alimentação escolar (PAEs) ficou ainda mais evidente durante o período da pandemia da Covid-19, já que o acesso às escolas ficou comprometido e milhões de crianças e jovens ficaram sem receber a alimentação a que tinham direito.
Segundo o Gabinete de Articulação para Enfrentamento da Pandemia na Educação (GAEPE), 78% das crianças entre 4 a 10 anos dependem da alimentação escolar para ter uma refeição durante o dia.
O período escolar, que compreende principalmente da infância à adolescência, é uma fase que envolve uma série de mudanças. Para que o desenvolvimento dos estudantes aconteça corretamente, a alimentação tem um papel fundamental, e como os alunos passam boa parte do dia a dia nas escolas, estas têm uma função importante no tema.
A Prefeitura de Goiânia durante a pandemia realizou a distribuição de kits de alimentação escolar para complementar a alimentação dos alunos durante a suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia. 64% dos pais dos estudantes disseram que a cesta distribuída pelo governo fez a diferença na alimentação durante a pandemia e 92% dos pais disseram que queriam que a alimentação continuasse sendo distribuída.
Estudos demonstram os benefícios dos PAEs, como melhorias na educação das crianças, e em sua saúde física e psicossocial, com a maioria dos benefícios recaindo sobre as crianças mais desfavorecidas. Estudos recentes revelaram efeitos nos resultados de aprendizagem, matemática e alfabetização, com efeitos maiores em meninas e meninos abaixo da linha de pobreza nacional.
A alimentação escolar contribui até mesmo para a equidade de gênero. As informações são baseadas nos dados do CadÚnico, que mostrou que a oferta de alimentação atrai as meninas à escola, e a sua permanência neste espaço contribui para diminuir o matrimônio infantil e a gravidez na adolescência, além de melhorar a dieta delas. A pesquisa foi realizada entre os dias 15 de setembro a 28 de setembro de 2021 e, somente em Goiás, foram investigados 194 municípios.