Aedes aegypti: o poder da água sanitária

Texto: Maria Planalto

Edição: Vinicius Martins

Resistentes, os ovos do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, chinkungunya e zika vírus, podem sobreviver por um ano inteiro, sendo transportados a grandes distâncias, em recipientes secos. Eles ficam esperando só um pouquinho de água para eclodir. Por isso, o clima chuvoso e quente é tão perigoso para a formação das larvas e, depois, do mosquito.

O Aedes gosta de colocar os ovos nas paredes de criadouros com água limpa e parada, o que requer uma boa desinfecção com água sanitária (hipoclorito de sódio com concentração de cloro ativo entre 2,0% e 2,5%).

O poder do cloro no combate de possíveis criadouros do Aedes aegypti já foi comprovado cientificamente.  O produto também é capaz de matar a maior parte de germes e bactérias causadores das doenças transmitidas pela água contaminada das enchentes, como leptospirose, hepatites do tipo A e E e gastroenterites.

A ação do produto é reconhecida pelo Ministério da Saúde e foi comprovada por estudo do Laboratório de Radiobiologia e Ambiente do Centro de Energia Nuclear na Agricultura -CENA, da Universidade de São Paulo (USP). Encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Cloro, Álcalis e Derivados (Abiclor), o estudo mostrou que o hipoclorito de sódio é quase 100% eficaz para este uso.

Segundo o estudo, a higienização das casas para eliminar as larvas do mosquito é um hábito a ser incorporado na rotina das famílias e empresas, considerando-se que 80% dos focos estão dentro de casa.

Dengue mata

A dengue é uma doença de origem viral, que pode ser assintomática, leve ou grave, levando à morte, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco para as complicações da infecção.

Conforme registros do Sistema de Informação de Agravo de notificação (SINAN), do Ministério da Saúde (MS), no Brasil, em 2017, foram notificados 251.711 prováveis casos de dengue, com registro de 33 óbitos confirmados.

Já em Goiás, no mesmo ano, foram registrados 60.668 casos prováveis de dengue, com oito óbitos. O Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), por meio do seu Núcleo Hospitalar de Vigilância Epidemiológica, notificou 374 casos em 2017, sendo confirmados 277, com três mortes. Nos registros de 2015 até 31 de julho de 2018 foram 1.712 casos prováveis de dengue, entretanto, 2018, ano que ainda não acabou, foi o com maior número de notificações, com 584 prováveis casos.

De acordo com o infectologista Alexandre Costa, o vírus da dengue possui quatro subtipos, de 1 a 4. Porém, os sintomas são os mesmos: febre alta, manchas na pele, dores no corpo, nas articulações, na cabeça e nos olhos. “Também existem os sinais de alerta, que é quando a doença pode evoluir para forma mais grave, que além da febre e dor no corpo, o paciente pode ter dor abdominal intensa, plaquetas muito baixas, com menos de 100 mil e tonteira, hemoconcentração”, pontua o médico.

Segundo o infectologista, uma vez infectada por um dos vírus da dengue, a pessoa fica imune a este vírus. “Se teve dengue tipo 1, não terá mais. No entanto, pode ter a do tipo 2, 3 ou 4”, salienta Alexandre. O tratamento é basicamente repouso e hidratação. “O paciente deve ingerir grandes quantidades de líquidos e monitorar os sinais vitais. Em alguns casos, pode ser necessário a internação da pessoa e fazer a hidratação com soro por meio da veia. Além disso, analgésicos e outros sintomáticos podem ser prescritos para aliviar as febres e dores. O importante é procurar um médico para avaliar o caso”, afirma.

Crédito da foto: reprodução.

Dicas práticas de uso da água sanitária

Ralos: Despeje solução de água sanitária na proporção de uma colher de sopa por litro de água em ralos de pias, banheiros e cozinha. Atenção: Faça a limpeza das pias e dos ralos à noite, antes de dormir, para que a água sanitária possa agir por mais tempo.

Plantas: Essa mesma solução (água sanitária na proporção de uma colher de sopa por litro de água) também pode ser usada para a rega de plantas, particularmente  que acumulam água entre as folhas, como as bromélias. Esta solução não faz mal às plantas e evitará o desenvolvimento da larva do mosquito.

Vaso sanitário: Coloque o equivalente a duas colheres de hipoclorito de sódio por litro de água no vaso sanitário, nos ralos do banheiro, cozinha e a área de serviço. Esse é um cuidado que se deve ter antes de viajar, quando a casa fica fechada por algum tempo.

Piscina: Mantenha a piscina tratada, mesmo que a mesma não esteja sendo usada. Com o tempo, o cloro pode evaporar, e a piscina se tornar um foco da larva do mosquito. Durante o inverno, por exemplo, é comum deixar a piscina coberta. Nesse caso, não deixe acumular água de chuva na lona de cobertura, pois pode ser um foco do mosquito.

Caixas d’água:  A limpeza deve ser feita a cada seis meses. Feche a entrada de água e esvazie a caixa quase toda. Deixe sobrar água suficiente para lavar, com uma escova, as paredes e o fundo da caixa. Não use produtos de limpeza nessa etapa. Enxágue bem e esvazie toda a água suja, dando repetidas descargas no vaso sanitário. Depois de limpa, encha a caixa novamente e adicione um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água. Espere duas horas e esvazie novamente a caixa, abrindo todas as torneiras, para limpar os canos da casa, até sair água limpa. Depois, encha com água potável e tampe.

Read Previous

Campanha Nacional de Vacinação contra Pólio e Sarampo obteve números positivos em 2018

Read Next

“Em Anápolis, o lixo vira flor”