O Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro, enfrenta sérias ameaças que colocam em risco sua biodiversidade única. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Cerrado cobre cerca de 25% do território nacional, concentrando grande parte da área nativa do planalto central, sendo superado apenas pela Amazônia. Reconhecido como o bioma mais biodiverso do planeta, o Cerrado abriga uma vasta quantidade de espécies endêmicas, ou seja, exclusivas da região.
Estima-se que o Cerrado possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. De acordo com um levantamento de 2002, mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas do bioma são endêmicas. Junto com a Mata Atlântica, o Cerrado é considerado um dos “hotspots” mundiais, o que significa que é uma das regiões mais ricas e, ao mesmo tempo, mais ameaçadas do mundo.
Os incêndios que atingem o bioma Cerrado causaram grandes perdas na fauna e na flora. Segundo o ICMBio, animais como o lobo-guará, tatu-canastra, onça-pintada, lontra, caititu, queixada e tamanduá estão entre as espécies que foram mortas devido ao calor extremo que afeta a região, localizada no centro do Brasil. Além disso, o fogo já atingiu uma área de 88 milhões de hectares, comprometendo gravemente os ecossistemas do Cerrado.
A destruição do bioma também pode impactar o abastecimento de água na região Centro-Oeste, especialmente nas grandes cidades, como Goiânia. As altas temperaturas, intensificadas pelas queimadas, podem levar os reservatórios ao seu limite mínimo, causando escassez de água.
A professora Doutora Angelina Ciappina, coordenadora do curso de Engenharia Agronômica, reforça que as queimadas no Cerrado estão se tornando mais frequentes, o que afeta as qualidades da agricultura. “No passado, queimadas controladas eram usadas na limpeza de áreas, como nas plantações de cana-de-açúcar, mas hoje essa prática não é recomendada”, explica. Segundo a professora, existem métodos mais sustentáveis, como o manejo do solo, o uso de palhada e a rotação de culturas, que preservam as características do solo sem recorrer ao fogo.
A professora Angelina também alerta que as queimadas causam uma perda significativa das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, o que reduz a produtividade agrícola e gera danos à fauna e à flora. Além disso, a destruição de plantas no Cerrado tem impacto direto em áreas como a indústria farmacêutica, que depende de espécies vegetais nativas para o desenvolvimento de medicamentos.
Por: Heli Monteiro | Estagiário de Jornalismo