Idosos e a comunicação digital

Na tentativa de atuar no mundo digital, idosos ingressam nas redes sociais. Entretanto, são vítimas das fake news

Por Elysia Cardoso e Nathália Vieira

Edição: Profa. Patrícia Drummond

O idoso às vezes se vê em um terreno desconhecido ao entrar em contato com as novas práticas de comunicação do mundo digital. Na maioria dos casos seu aprendizado acontece de maneira mais lenta em relação ao jovem. Essa falta de domínio da tecnologia por parte do idoso pode ser prejudicial devido a vários fatores. Uma das grandes ameaças na atualidade é a disseminação das notícias falsas. Por falta de habilidade com as novas tecnologias da comunicação e informação e por conta de uma certa ingenuidade, os maiores de 60 anos se transformaram em distribuidores de fake news.

A reportagem do Araguaia Online foi investigar e descobriu que existe uma crescente busca por atualização da parte dos idosos, que se encontram cada vez mais dispostos a acompanhar o ritmo da tecnologia atual. Segundo uma pesquisa realizada pela AVG Technologies, em 2015, o celular é o dispositivo mais utilizado entre os idosos, abrangendo 86% dos entrevistados, 76% deles utilizam o Facebook e apenas 9% não utilizam nenhum serviço de comunicação digital.

Há vários fatores no qual o idoso se encontra empenhado para aprender a utilizar as novas ferramentas de comunicação. A reportagem apurou que isso acontece devido ao meio social no qual o idoso está inserido. No entanto é necessário se atentar que qualquer um pode elaborar uma notícia e veicular de maneira fácil, mesmo que essa não seja verdadeira.

Segundo Valdivine Pereira de Andrade, instrutora de inclusão digital do Centro de Convivência Cândida de Morais – que oferece cursos de inclusão digital para pessoas com mais de 60 anos –, o idoso não possui, de certa forma, um discernimento sobre o que é verdade e o que não é. “Nós estamos introduzindo o tema fake news aos poucos, ainda não chegamos mais a fundo nesse assunto, inclusive foi discutido em sala sobre o surto da gripe H1N1, no qual foram orientados a não acreditar em tudo o que chega por WhatsApp ou Facebook”, relata.

O que dizem os idosos

Com relação ao compartilhamento de fake news, a instrutora afirma que os idosos não costumam tirar dúvidas sobre o que eles não devem compartilhar em redes sociais. “É um
assunto que eu quero tratar futuramente, sobre ter uma ética se tratando do compartilhamento de notícias em redes sociais, pretendo trabalhar isso com eles”. E os próprios idosos confirmam a fala de Valdivine Pereira.

Foram ouvidos três alunos de inclusão digital. Todos afirmam não checar a veracidade das informações chegadas por meio das redes sociais. Glaudivino dos Santos Carrijo, de 80 anos, diz não saber o que é fake news, nunca pediu ajuda aos seus familiares para
compartilhar notícias pela internet e que não se preocupa em compartilhar uma notícia falsa. “Não me preocupo porque acredito nas pessoas que conheço, se eles passam essas informações para mim, é porque é verdade. Somente se for uma pessoa desconhecida que
procuro saber se é verdade.”

Para Terezinha Machado do Prado, de 69 anos, o primeiro contato que teve com o computador foi no projeto e aos poucos está aprendendo a se comunicar nas redes sociais, porém não se sente segura em compartilhar informações. “Eu fico mais quieta, não gosto de passar informações, pois as vezes não é certa.”

Apesar de representar a minoria, alguns idosos afirmam ter cuidado de checar a veracidade de uma informação antes de distribuí-la nas mídias sociais. Esse é o caso de Geovanni Narciso Borges, 68 anos, é fundamental a checagem da notícia antes do compartilhamento. “Já passei notícia para frente, mas confiro primeiro para ver se é verdade, se for falsa eu apago”.

Valdivine Pereira de Andrade,
instrutora de inclusão digital do Centro de Convivência Cândida de Morais, e a aluna
Terezinha Machado do Prado, de 69 anos.

Cursos promovem inclusão

Aulas de informática em centros de idosos estão crescendo em popularidade. Cursos básicos sobre o uso do computador, instruções no uso de e-mail e plataformas de redes sociais tornaram-se comuns. Pesquisas mostram que a internet se tornou uma maneira importante de exercitar as mentes dos idosos. Segundo a instrutora Valdivine Pereira, quando são treinados no uso dos meios de comunicação social, como por exemplo Skype, Facebook e e-mail, os idosos têm melhor desempenho cognitivo e a experiência de melhoria da saúde.

Cabe aos idosos por em prática o que é ensinado na tentativa de reduzir o alcance das notícias falsas. Quem usa redes sociais como Facebook ou Twitter ou se comunica com aplicativos como WhatsApp precisa compreender que é preciso buscar notícias de fontes conhecidas e com compromisso com a verdade. “É preciso educar as pessoas para que busquem fontes oficiais comprometidas com a ética e a verdade”, ensina a instrutora Valdivine.

Atualmente existem alguns espaços e instituições que promovem a inclusão digital do idoso. Um deles é o Centro de Convivência de Idosos Cândida de Morais, uma unidade da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), voltada para o atendimento a pessoas com mais de 60 anos. A unidade é localizada na Rua Palmares, no bairro Cândida de Morais, em Goiânia, e oferece atividades gratuitas como treinamento funcional, inclusão digital, dança entre outros. O atendimento conta com pedagogo, fisioterapeuta, terapeuta, assistente social e psicólogo.

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