Cineclube apresenta duas produções audiovisuais goianas

Redação: Tiago Teixeira

Edição: Ana Maria Morais

Neste sábado, 29 de maio, às 8h30, a Uniaraguaia, por meio dos cursos de Comunicação Social, realiza o XII Cineclube Araguaia com duas produções goianas, os filmes Gastrite e O Malabarista. O Cineclube, assim como toda a programação de eventos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, tem com pauta norteadora neste semestre o tema “Comunicação, Arte e Resistência”. A sessão cinematográfica contará com a participação de Frederico Carvalho Felipe, Produtor do filme Gastrite, Fernão Carvalho, Assistente de direção do filme O Malabarista, e Murilo Bueno, professor da UniAraguaia e pesquisador do audiovisual, que irão debater sobre as produções dos filmes e a importância do audiovisual na cultura de resistência.

O Malabarista reúne fragmentos do cotidiano e experiências de artistas de rua, que em meio à hostilidade das grandes cidades buscam levar cores e sorrisos aos que cruzam seus caminhos. De forma lúdica, o traço, a direção de arte e efeitos sonoros fazem um contraste entre o monocromático das paisagens e a presença do pluralismo das cores neste híbrido entre animação e documentário. Foi lançado em 2018, sob direção e roteiro de Iuri Moreno.

O Malabarista: a alegria das cores em contraste com o monocromático

Gastrite é um curta-metragem documental que debate o controverso cenário das artes urbanas em Goiânia, dando voz aos agentes culturais que se expressam através do grafite, do stencil, do pixo, dentre outras manifestações artísticas no espaço público. O filme tem a cidade de Goiânia como epicentro e instiga uma discussão sobre o cotidiano nas metrópoles brasileiras em que o protagonismo da arte de rua deixa suas marcas e provoca controvérsias sobre os rumos da sociedade contemporânea.

Idealizado e dirigido pelo cineasta e fotógrafo Hugo Brandão, com a colaboração de Eduardo Carli de Moraes na assistência de direção e entrevistas, o projeto foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás e teve apoio da SEDUCE e do Governo de Goiás. O curta foi lançado em 2020 e hoje está disponível em várias plataformas, como Youtube | Vimeo | Facebook.

O artista visual Mateus Dutra em cena do documentário Gastrite

Frederico Carvalho Felipe, produtor de Gastrite, destaca que o filme desperta a criatividade e é uma forma de quebrar preconceitos sobre a arte da capital goiana, além de levar o pensamento crítico para as pessoas e mostrar que os artistas e a arte têm o direito de ocupar esse espaço social, muitas vezes tomado pela iniciativa privada ou abandonado. Para ele, o filme também se torna uma obra muito importante como forma de registro documental da manifestação artística, pois, por estar representada nos muros, a sujeira pode cobrir.

“A arte de rua é uma prática artística que representa a reivindicação do direito de se manifestar, de ter voz, de ser visto e ouvido, de grupos de artistas muitas vezes marginalizados pela sociedade. É a arte que sai dos museus para ganhar as ruas, provocando experiências sensoriais ao ar livre nas pessoas, instigando, questionando, expondo, demarcando espaços, entre outras intenções poéticas e estéticas”, destaca o produtor.

O filme Gastrite traz a discussão e representação da arte como forma de expressão e resistência, de transmitir para as pessoas através da arte de rua, uma mensagem. Para Frederico, as reflexões trazidas pelo filme são cruciais para transmitir um olhar mais cuidadoso e de atenção com a cidade e as pessoas que transitam por ela, destacando o filme como uma espécie de praça pública de conexão entre pessoas dispersas em tempos e espaços diferentes.

Questionado a respeito do fato de a sociedade tratar o grafite e a arte de rua como vandalismo e como o filme pode modificar essa visão, o produtor faz um desabafo: “Os artistas, a meu ver, não devem se importar em serem considerados como vândalos ou não. A arte sempre atuou na resistência e sempre atuará. A arte visceral, que questiona, que expurga e traz à tona de diferentes formas aspectos importantes da humanidade em dicotomias e contrastes típicos de nossa condição existencial: ora grotesco, ora sublime, mas sempre humano. A arte inclui, traz a vida de volta aos espaços urbanos. A arte incomoda, por isso é tanto combatida por quem se incomoda com ela. É muitas vezes indigesta e arde como pimenta. É mais ou menos como aquele café forte e sem açúcar que cai no estômago vazio de manhã que pode gerar um desconforto, mas nos potencializa para viver”.

Read Previous

Semana Acadêmica da Gastronomia

Read Next

Parceria da UniAraguaia com o Jornal Diário da Manhã disponibiliza oficinas de formação de professores no DMTV