O aumento da obesidade durante a quarentena

De acordo com uma pesquisa feita pela Vigitel, 55,7% da população está com Índice de Massa Corporal (IMC) acima do valor considerado ideal

Camila Alves

A Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel) fez  um estudo no qual avalia o índice de obesidade na população brasileira, que teve um aumento de mais de 67% em 10 anos. Para agravar esta situação, o isolamento social causado pela pandemia da Covid 19 vem provocando muitos efeitos colaterais e um deles é o aumento de peso dos confinados. O maior tempo em casa fez com que as pessoas se tornassem mais sedentárias, mais ansiosas, gerando alguns distúrbios alimentares, diz a nutricionista Vitória Morais.
“A obesidade e as consequências dela sempre foram alvos para tentarmos promover saúde e estagnar essa curva crescente, porém com a pandemia isso se alarmou. O maior tempo em casa deixa as pessoas mais estressadas, muita das vezes gera medo, do trabalho, das contas, fora o medo de contrair a Covid 19. Logo, percebemos maior compulsão alimentar, por tentarem se recompensar através da comida e, normalmente, em refeições bem calóricas e industrializadas.”
Dentre outros efeitos danosos trazidos pela pandemia da Covid-19, o sedentarismo também se destaca, ou seja, as pessoas aumentaram a ingestão de comida e reduziram o gasto calórico energético, contribuindo para o aumento de peso. “Recebo pacientes que ganharam mais 8kg nesse período, com certeza é um caso de se preocupar, pois sabemos as consequências que o excesso de peso traz, como hipertensão, doenças cardiovasculares, esteatose, diabetes, dentre outras”, alerta Vitória.
Uma análise publicada pelo Banco Mundial em 26 de agosto apontou que a obesidade não só aumenta o risco de morte em pacientes com covid-19 em quase 50%, mas também pode limitar a eficiência de uma vacina contra o novo coronavírus, o que é ainda mais desesperador.
Marcia Dias, de 55 anos, que é revendedora, trabalha indo de porta em porta revendendo cosméticos, com a pandemia teve de parar de trabalhar. “Além de ser arriscado para mim, tenho certeza que ninguém gostaria de receber alguém desconhecido em sua casa, ainda mais para oferecer algum produto” diz Márcia. Ela relata também que ganhou mais de sete kilos desde o começo da pandemia. “Só fico em casa. Quando não estou fazendo minhas vendas online, estou comendo e assistindo TV. Já tive varias crises de ansiedade, crise de medo, medo do amanhã desconhecido. E essas crises me fazem comer muito mais.”
A obesidade foi incluída como fator de risco pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a relação está no fato de que os obesos estão mais sujeitos a apresentar comorbidades, além de estarem com sua saúde comprometida e com uma série de exames alterados, fazendo com que, no caso de uma infecção pelo coronavírus, possam apresentar sinais e sintomas mais sérios da doença.
“Em algumas avaliações feitas tudo indica que terá um aumento da obesidade sim, devido às pessoas estarem em casa, muitas vezes ansiosas, isso tudo interfere no comportamento alimentar, então a pessoa acaba descontando suas ansiedades, seus medos, no alimento. Levando a uma compulsão alimentar, porque isso traz prazer a ele”, diz a endocrinologista Jossana Pinheiro
Grande parte das pessoas se diz ciente do problema, mas afirma que não tem controle sobre a situação. Todavia, existem, sim, alternativas para reverter os problemas causados por esse momento caótico. “Procurar desenvolver outras atividades, de trabalho, de lazer, atividades físicas como caminhada, meditação, será um ótimo caminho, não só para a saúde do corpo, mas também para a saúde mental”, aconselha a endocrinologista.

A nutricionista Vitória Morais alerta para os riscos de desenvolver outras doenças por causa do excesso de peso, como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares

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